Tertúlias à mesa
Se a almofada é boa conselheira, a mesa, preferencialmente ao jantar, é um óptimo local de partilha de ideias e opiniões. É à volta daquela peça, afecta não raras vezes à cozinha, que se contam as agruras da vida. E que vida alguns de nós têm para contar.
Ontem, lá em casa, não foi excepção. O tema central da conversa foi a interrupção voluntária da gravidez e às tantas, uma enfermeira reformada dos (ex) Hospitais Civis de Lisboa (HCL), com quem partilho a minha vida (e a mesa de jantar) à mais de trinta anos disse:
"-Sim!!... Eu voto SIM!!
-Nunca mais me esqueço daquela [senhora] que vi morrer na sala, nos meus braços. Esteve ali até às últimas e nunca disse onde o tinha feito."
Fazia referência a uma situação vivida no decurso dos muitos anos de exercício profissional na urgência de um dos HCL. Depois de um aborto mal realizado, era frequente as ex-futuras mamãs darem entrada nas urgências, já às portas da morte.
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