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segunda-feira, 4 de dezembro de 2006

Avó é...

«Uma Avó é uma mulher que não tem filhos, por isso gosta dos filhos dos outros.
As Avós não têm nada para fazer, é só estarem ali.
Quando nos levam a passear, andam devagar e não pisam as flores bonitas nem as lagartas.
Nunca dizem "Despacha-te!".
Normalmente são gordas, mas mesmo assim conseguem apertar-nos os sapatos.
Sabem sempre que a gente quer mais uma fatia de bolo ou uma fatia maior.
As Avós usam óculos e às vezes até conseguem tirar os dentes.
Quando nos contam histórias, nunca saltam bocados e nunca se importam de contar a mesma história várias vezes.
As Avós são as únicas pessoas grandes que têm sempre tempo.
Não são tão fracas como dizem, apesar de morrerem mais vezes do que nós.
Toda a gente deve fazer o possível por ter uma Avó, sobretudo se não tiver televisão!»
(Texto escrito por uma menina de 8 anos, publicado no Jornal do Cartaxo)
Cortesia da colega Marinela Peixoto Cristo

Hoje, antes de subir as escadas e entrar em casa, já à noitinha, passei pelo rés-do-chão. É lá que mora o avô e a avó do meu filho. É lá que mora também a minha avó materna, com quase noventa anos.
Só conheci os meus avós maternos. O meu avô "Cebola", viveu connosco até Fevereiro do ano passado. Recordo-me como se fosse hoje. Eram cerca das 7 horas da manhã quando o telefone tocou. Era a minha mãe. Vesti o robe e corri as escadas a correr. Só depois me apercebi o quanto chovia. Quando entrei no quarto, onde tantas vezes tinha ajudado a minha mãe a lavar e a mudar a fralda ao avô "Cebola", já nada havia a fazer. Limitei-me a dar-lhe um beijo na testa gelada e a dizer o quanto gostava dele. Já não me respondeu!

Hoje, tal como todos os outros dias, antes de subir as escadas e entrar em casa, passei pelo rés-do-chão. Dei um abraço apertado à avó Gertrudes e à espera de ver o seu sorriso perguntei-lhe:
- Quer um par de bêjos?
- Atão pois, não havera de querer?!
Respondeu ela.

Encostei os meus lábios na sua face, beijei-a e segredei-lhe ao ouvido: - Gosto muito de si vózinha.

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